"  Tempo dos Acontecimentos " 

  •   O "Jornal de ontem" e o Hegel de "amanhã"

 

    ©  Lúcia Costa Melo Simas ( 2014 )

 

 

  

 

" Rugas do Tempo "

 ( Parede irregular coberta de cal.  Aldeia de Garção. Alto-Minho. 2013 )

 © Levi Malho.

 


 

O Jornal de Ontem

 e

o Hegel de amanhã

 

 

 

 

 

 

 Legenda1 - A cidade nunca dorme, mesmo quando Homero dormita...

 

 

 

 “A leitura do jornal é uma espécie de oração realista da manhã”, dizia ironicamente Hegel. A primazia do passado é o momento em que se consulta o caminho percorrido pela Ideia. Nada melhor do que um jornal para ver a superfície da realidade.  
    Daí se remete para o conceito do universal, pois tudo tem de ser ultrapassado na conservação e condensação contínua do devir. O conceito, o intraduzível Begriff alemão, oposto por Hegel ao irracionalismo romântico, tornaria a filosofia unicamente adequada aos germânicos, sendo sempre mais uma etapa da análise do resultado O particular efetiva-se na objetividade universal e só assim permanece.

   
  A arrogância hegeliana acerca da sua língua materna mostra uma das características que Žižek muito lhe reprova.  Cada figura que Hegel refere representa uma etapa para a constante evolução da Ideia. O evolucionismo idealista precedeu o darwiniano, que ainda não surgira. As ideias pairavam no ar e a ciência convergia para rumos novos. Tempos mais tarde, Oswald Spengler trataria a filosofia da História com a mesma tendência organicista e evolucionista que tanto fascinou os seus leitores. Hegel já pensava que as verdadeiras figuras, pelas quais a ideia se absolutizava, só pelo sistema científico, eram racionais. Ao aproximar a filosofia da ciência há a colaboração do resultado para o  fim a atingir no saber absoluto. Acabando com o amor ao saber da filosofia tratava-se de ser efetivamente real e assim diz Hegel, “o que me proponho saber é o real e o racional”. O se tratava como uma aspiração sempre humilde e infindável, o filósofo de Iena queira pôr um ponto final e fechar com chave de ouro, o seus sistema, todos os sistemas que antes existiram. Não se pode dizer que fosse uma tarefa a que qualquer um se propusesse sem hesitar e temer fracassar. Mas Hegel tinha em si mesmo uma tal confiança que até as críticas o tornavam mais seguro do seu génio. Na verdade, a sua tarefa foi cumprida. Só que o sistema hegeliano é tão louco que se adapta perfeitamente ao seu raciocínio. Fora dele só fica quem o negar na sua primeira afirmação.
    Na sua mente labiríntica e onde a contradição é fonte de axioma sem fim, toda essa filosofia que permanecera sempre em amor ao saber não passava de ilusões dos sistemas que sonha derrubar e passar para o saber efetivo graças à sua intuição que derrubaria todos os sistemas anteriores.

 

 

o espanto da filosofia

Legenda 2  - Face ao passado da filosofia, a obra de Hegel iria transformá-la num esqueleto sem mais conteúdo válido.

( A contradição, na mente labiríntica de Hegel era a explicação para a evolução. A sua razão encontrar uma intuição que nunca mais se repetiu )

 

A resposta não está na história mas sim é na filosofia da história onde a especulação apreende os factos, entende a realidade e desvenda a imensa caminhada entre florestas e desertos da saga da humanidade. Só há bem pouco tempo se tomou a sério essa árdua tarefa e transformou a história de modo necessário para quebrar com a historiografia e historiologia . A lógica especulativa, concomitante aos interesses supremos por desvendar a longa manifestação da liberdade do Absoluto, deu-lhe uma racionalidade imbatível mas fracas armas poéticas.
     Homem contraditório, Hegel passou por paixões,  erros e egoísmos que a superfície da obra não capta, mas as alusões e entrelinhas afirmam e a investigação minuciosa confirma. Nada mais falso que confiar num retrato para a posteridade.   Tendo-se em conta que o particular não interessa, a especulação sobre a loucura, o amor, a felicidade ou a desgraça remetem para a própria vida que ele ocultou dos textos, expondo conhecimentos em “abstrato”.
     Até que ponto a intuição poética atinge capacidades de ir além da racionalidade é discutível e a linguagem poética  pouco resiste ao tempo e a exaltação do Verbo escapa à concordância da lógica.  O truncado poema de Parménides que chegou até nós, une a simplicidade à profundidade que o grego permitia e que Hegel nem sempre dá atenção.

 

 

parmenides1

Legenda 3 - Juiz de Eleia e muito admirado pelos seus contemporâneos.

O poema refere-se a ele enquanto jovem na viagem que o levou à Deusa Dikê, Justiça

 

 

O poeta parte numa viagem às portas do ser e do pensar, e só pela mão da Deusa Dikê, o jovem Parménides transpôs “o abismo hiante” que separa a morada dos deuses dos pobres mortais. Esta viagem  mudará para sempre o “Pensar”; a via da verdade e essa da aparência da multidão errante. À grandiloquência do anúncio do mistério do Logos, da linguagem e da Verdade juntou-se a descoberta da substância, ou seja, o conceito.

 

Legenda 4 -  A sabedoria de Parménides é tal que se demarcou de tudo o mais.

Colocou as suas palavras na Deusa Dikê a fim de as tornar mais firmes. Modestamente colocou-se como ouvinte do saber divino.

 

 

   Também Antero tentou um género de poesia especulativa entre a literatura que o remete para a filosofia e esta que o devolve aos temas literários. Só aparentemente isso favorece o poeta. O tema da contradição, no conceito do Amor, não se resolve, faz parte da dialética da evolução da Ideia, entre a subjetividade do conceito relativo ao sentimento e a objetividade racional deste, o Amor atinge um grau de verdade fora da lógica clássica pelo uso da dialética da contradição num Absoluto que se absolutiza num resultado mas que encerra já o devir.
      Hegel pretendia unir razão e entendimento e criar a ciência do Absoluto que realiza a Ideia. Até que ponto Antero conheceu Hegel é muito discutível. Ora um poema intuitivo entrega ao leitor a tarefa de encontrar o sentido que mais se coaduna com a sua subjetividade. Seria errado colocar um título no poema e assim acontece:

 

 

Eu vi o Amor — mas nos seus olhos baços
     Nada sorria já: só fixo e lento
Morava agora ali um pensamento
De dor sem trégua e de íntimos cansaços.

 

Pairava, como espetro, nos espaços,
Todo envolto n'um nimbo pardacento...
Na atitude convulsa do tormento,
Torcia e retorcia os magros braços...
 

E arrancava das asas destroçadas
A uma e uma as penas maculadas,
Soltando a espaços um soluço fundo,
 

Soluço de ódio e raiva impenitentes...

E do fantasma as lágrimas ardentes

Caíam lentamente sobre o Mundo!

 

  A J. M. Eça de Queiroz. 1880-1884- ( data incerta )

 

   Numa imagem vaga e diáfana, a contradição encerra-se na síntese do Amor que chora dilacerado sobre o Mundo, traduzindo uma separação entre duas leis.
    A lei do coração dissolve-se ao sol da necessidade férrea que ultrapassa qualquer particular quando este se atualiza. A universalidade oculta a oposição à lei do coração. Na sua obra-prima a “Fenomenologia do Espírito”, 1807, já o amor é o sentimento “ mais belo e uma lei eterna”.  Mas a astúcia de Hegel dá à razão o domínio da atividade humana e resta apenas para a mulher o sacrifício materno sem o qual a sociedade não a aceitaria e até ela reivindica tal sacrifício. Hegel dá à mulher a “astúcia do servir” que na dialética primordial reverte a luta de morte em vida. A dialética coloca a hipótese da morte mas logicamente esta era a hipótese que não segue pois seria o fim da história, da filosofia hegeliana e do seu sistema. A luta pressupõe e revindica a
negação da negação da mulher que realiza o poder sobre os outros, embora objetivamente seja na dialética uma ação não essencial. O reconhecimento da mãe é unilateral porque “volve-se no inverso do que quer ser”, exploração da consciência reprimida.

 

 

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Legenda 6 - O mundo feminino é da sua renúncia que a torna na sua negatividade a forma de afetividade por ser a que deve seguir na sua essência a afetividade maternal.

 

 

 A renúncia ao sacrifício e doação de si pelos outros nem se coloca à mulher na dialética primordial. Hegel fala disso como “a revolta da individualidade ou delírio de uma loucura contra a ordem universal. Ao alienar e glorificar a “astúcia do servir” feminina, esta contradição pesa a favor da ordem do mundo. A sua explanação da expulsão do desrazoável da sociedade, pois a lei do amor nunca pode ser a universal, e assim vemos nesse trabalho uma das variáveis de se vai aplicar par afastar os dementes da cidade. Foucault tem um antecessor bem lógico em Hegel. No geral é que a ordem e a evolução podem levar a etapa superior.
    Na mente hegeliana os povos só contam para o progresso da liberdade da Ideia

 

revolução

Legenda 7 - As guerras são uma necessidade da Humanidade para realizar a evolução da Ideia e Absolutizar o Absoluto

 

Logo a guerra seria uma necessidade e a luta contra a estagnação e “não há individuo que mude o curso dos acontecimentos”. Assim se entende as lágrimas da contradição do Amor que caem sobre o mundo. A guerra é uma necessidade pois purifica e alimenta as virtudes mais nobres. A entrada triunfante de Napoleão numa cidade arrasada é, para Hegel, o anúncio de uma etapa superior. Este homem manifestava nova ordem do mundo. O sofrimento dos povos ficaria para trás, traria a libertação da Ideia, do Espirito e do Absoluto e uma nova etapa da humanidade por tudo o que já aconteceu. Por isso, quando Bonaparte é exilado, o filósofo convence-se da necessidade de nova consciência do Espírito e Napoleão é já uma figura ultrapassada.
    O Amor hipostasiado no poema não é a desmesura nem a astúcia da razão. A presença da loucura reconhece-se porque a consciência de si não aceita a sua contradição interna. A “não realidade” que a loucura não pode efetivar, torna-a estranha a si mesma. A lei do coração encerraria a sua indispensável contradição.

 

 

Legenda 8 - Os povos felizes são páginas em branco da história

 

 

HEGEL E

 

Legenda 9 - Se não há contradição não há evolução e se não há evolução não haverá amanhã Meditação de Hegel

 

 Amor oculta-se na contradição da dialética primordial entre o homem e a mulher. A paixão torna-se num mal e a família a instituição burguesa da “sociedade civil” que leva o Estado  concreto do espírito objetivo.

 

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Legenda 10 -  Berlim, a cidade onde Hegel atinge o êxito e finalmente as suas ambições realizam-se.

 

 

 

    Quando morreu, em 1831, Hegel queria reeditar “A Fenomenologia do Espírito” pois aí estavam as bases do seu pensamento. A sua vontade demonstra bem que muito pensara acerca da evolução da sua obra e na necessidade de alteração dos que escrevera. A lógica final do seu pensamento deparava-se com as suas contradições e é possível que uma tarefa que se nos parece Hegel jamais iria concluir o que a morte veio realizar o que na sua mente seria sempre irrealizável.

    Assim, nas suas manhãs, Hegel lê no jornal, a realidade efetiva, já alcançada.

 

 

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Legenda 11 - Numa estufa de flores a leitora é também um belo ornamento Pintura de France Jones Bannermann. Século XIX

 

 

    Mas de que valeria a Helena, a jovem burguesinha, mulher de Hegel, ler esse jornal?

 

 

   

 

 

 

Canções de tempestade

 

 

 

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Legenda 12 - A música das esferas celestes não passa de um sonho poético do homem que acorda para o ruido do mundo.

 

 

 

Quando menos de podia esperar, nos finais do século XVIII, o Seminário de Teologia de Tubinga, por um acaso espantoso, ou mistérios do destino, reuniu três grandes vultos da cultura germânica.

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Legenda13 -  Monumento.  A coluna quebrada ( maçonaria)

( Cronos recorda que o trabalho e a perseverança dão frutos, mas há que pagar algum preço. )

 

Ficaram os três alojados, ao que parece, no mesmo quarto e quase que o destino os forçou a tornarem-se bons amigos e colegas. Na modernidade que se iniciava, com mudanças abissais de toda a ordem, os jovens, destinados a serem universalmente conhecidos, reuniam-se para árduos e graves estudos. O acaso seria por ventura apenas uma lista alfabética? É que os três tinham o nome de Friedrich se bem que isso, para as suas vidas, pouco interessasse. Raramente se devem ter reunido três jovens tão excecionais, entusiasmados pelo saber e carregados de sonhos, durante um tempo fundamental para a formação da sua personalidade. Talvez fosse a época mais feliz das suas vidas. Partilharam ideais, estudos e interesses de toda a ordem. A influência que exerceram entre si foi prodigiosa.

 Este trio teve em Hölderlin (1770- 1843) uma convergência de pensamento que depois se diferenciou no sistema do idealismo absoluto de Hegel (1770-1831), e na Filosofia da Natureza do filósofo Schelling, (1775-1854), este, que sendo o mais jovem dos três, e entrara para o Seminário aos 15 anos se iria notabilizar mais cedo. O destino deu-lhe itinerários bem diferentes mas, o que é  ainda mais espantoso, é que se tornaram, cada um a seu modo, em três dos maiores vultos intelectuais do seu século.   Schelling, Hölderlin e Hegel viveram uma amizade rara e fundamentada no interesse comum pelo saber. Daí talvez derive as palavras  de “ A Canção de Hyperíon”:

 

     Aonde poderia refugiar-me, se não tivesse os queridos dias da minha juventude? (…) Vamos esquecer que existe um tempo e não vamos contar os dias da vida!"

 

 

Legenda 14 - Hölderlin congregou a síntese da arte, filosofia e natureza que o tempo estilhaçou nas obras dispersas.

 

Deveu-se à paixão de Hölderlin pela antiguidade helénica, pela música e pelo lirismo, entre o apolíneo, luminoso e o dionisíaco, desmesurado e noturno, o retorno dos três à Antiguidade grega. Hegel passou a conhecer e a admirar Heráclito, a ter uma noção do devir, do movimento e dos contrários, à noção “nous” de Anaxágoras, bem como maior atenção às traduções das tragédias que Holderlin já realizara. 

 

     Aos jovens poetas 

 

“Meus queridos irmãos,

 talvez a nossa arte madureça,

para lá de um imenso vibrar juvenil,

 e chegará a atingir a serenidade da beleza (…)

 

 

Legenda 15 -  Quando se escuta a natureza há milhões de formas novas de aprender . "Pedi apenas conselhos à natureza

 

 

 

Legenda 16 - A natureza foi uma das fortes raízes da infância que estiveram presentes e marcaram toda a obra de Hölderlin ao mesmo tempo que se relacionava com a sua Grécia imaginária.

 

    Foi a mãe deste que, apesar de ser de família de burguesa, tinha poucos recursos, dera-se conta do talento e da originalidade do filho e tentara dar-lhe um futuro melhor. Holderlin ficara órfão do pai, administrador de um  seminário protestante, aos 2 anos.

 

 

 

 

 

Ilustração 3 -  Quadro da Mãe de Hölderlin, Johanne Eleonora  em 1767 . (1748-1828),

 

 

 Heinrich Friedrich Hölderlin, em 1767, pai do filósofo e poeta 1736-1772),No quadro nota-se que carrega sob um braço um livro que deve ser da administração do Seminário

 

 

 

A sua mãe, enfermeira, casou de novo com um conselheiro municipal de Nürtingen, padrasto, a quem dedicou grande afeto, mas faleceu também muito cedo, deixando-o duplamente órfão. Tinha apenas 9 anos e sua dedicação inclinara-se assim para os 2 únicos irmãos que sobreviveram às fatídicas doenças da infância.

 

 

 

 

Figura 3 -  Centro da cidade de Estugarda que ostenta traços de forte nobreza e onde nasceu Georg Frederick Hegel, o primogénito de uma família culta e burguesa

 

 

   Também Hegel escapou por pouco das doenças da infância e igualmente perdeu 5 irmãos de tenra idade. À morte de tantas crianças de tenra idade juntava-se a frágil esperança de vida das mulheres. Todavia, ainda conseguiu que a cultura de sua mãe, uma mulher invulgar para a época, lhe incutisse sólidos conhecimentos, invulgares para uma mulher transmitir ao filho, e a sua perda aos 13 anos, também o feriu dolorosamente.

     Às mães de ambos se deve a religiosidade inicial e o cuidado em darem mais estudos aos filhos. O pietismo de Johanne Leonora, senhora que exercia enfermagem, não urdiu o efeito esperado no filho. Apenas por terem bolsa é que puderam entrar no Seminário Teológico de Tubinga, onde chegaram aos 18 anos. A situação fora diferente com Schelling. Porém, as três famílias colocaram ali os jovens para que seguissem a carreira eclesiástica, o que nenhum aceitou.

O jovem Hegel, ao aumentar o interesse pela filosofia grega e a atenção em temas das tragédias gregas como a Antígona, que Hölderlin traduziu, entra em investigações sobre Anaxágoras, a razão, o direito e Platão e o seu mundo de outra realidade. Por sua vez, Hegel influencia o jovem Schelling na sua noção da natureza e do seu evolucionismo e todos mantinham um comum interesse crítico pela religião. O talento Schelling é tão precoce que aos 17 anos, já publicava uma obra acerca dos mitos do mundo antigo e, bem cedo, conheceu Espinosa e Leibniz, entre muitos outros pensadores. O seu entusiasmo por Kant e depois a sua predileção por Fichte aumentou. Após os 5 anos no Seminário e vai frequentar a universidade de Leipzig onde mostra interesses pelas ciências e também já grandes especulações originais que o separaram de Fichte, seu mestre, manifestando o seu talento prodigioso e a invulgar capacidade de captar leitores e alunos.

 

 

 

 

Legenda17 -  A luz da razão descobria muito mais do que se esperava.

 O espírito rebelde dos jovens desviava-se dos ditames dos progenitores

 

 

Se a disciplina rígida do Seminário lhes desagradara, face a uma rebeldia comum da juventude, a alegria natural da juventude, com a sua fé em altos ideais e anseios de liberdade é que lhes davam tamanho ardor de árduo trabalho, estudo e sérias investigações. Também em Tubinga fervilhavam ideias novas e contraditórias, medos e esperanças que se digladiavam numa mudança entre o sonho e o pesadelo. Era a morte e o nascimento de dois mundos bem diferentes que sentiam estar a viver!

O entusiasmo dos três amigos pela Revolução francesa era comum. Traduziram a “A Marselhesa” para alemão e a simpatia para com os revoltosos era clara. Hegel, levado pela poesia de Holderlin, chega a escrever poemas acerca dos mistérios de Elêusis.

 

 

Legenda18 - Gruta sagrada de Elêusis, Homero refere-se a estes mistérios no século VII, a.C. e tratam de ritos de Deméter e da sua filha Perséfone.

 A habilidade poética de Hegel serviu mais tarde para cortejar a sua jovem noiva Helena.

 

 

 

Schelling já conhecia Espinosa e Platão, e escreveu a sua primeira obra aos 17 anos e, bem cedo, foi nomeado professor da Universidade de Iena mercê do reconhecimento do seu talento.

 

 

 

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Legenda 19 -  Na sua juventude, Hölderlin mostrara certas perturbações depressivas com crises que mostravam uma instabilidade que se exacerbou com a difícil tarefa de educador de pupilos de mau caráter

 

 

 

Holderlin tem uma luminosidade rara em tudo o que escreve e parece referir-se a essa época ao dizer:  “Está certo pensar por si mesmo ou procurar orientação num livro, mas as palavras de um verdadeiro amigo que conheça os homens e as suas circunstâncias são mais úteis e confundem menos."

Hegel, após as dificuldades iniciais de uma vida de tutor de meninos, será o arauto de uma filosofia que quer afirmar a ciência do absoluto e os sonhos de uma Alemanha a abarrotar de Estados com aspirações de ser um império do Mundo. A fama e a glória chegaram cedo a Schelling que mereceu viver 5 anos, os mais esplendorosos da sua celebridade e era aclamado entusiasticamente. A sua filosofia passou por diferentes períodos, numa busca de reconciliar a Natureza inconsciente e o Espírito consciente na unidade do Absoluto. Porém, um incidente grave altera tudo isso que ao longe poderia ser “o melhor dos mundos”.

 

 

Legenda 20 - A face de Schelling aponta para vastos horizontes com uma expressão de um ideal e de uma confiança que bem cedo ainda perdeu.

 

 

Schelling casara aos 28 anos em 1803, com a célebre Carolina Schlegel, que já tinha 40 anos e que abandonou o marido, amigo daquele para o seguir. Carolina ( 1763-1809), foi uma brilhante feminista morreu ainda nova aos 46 anos após uma vida que não se sabe guiar pela razão mas sempre pelo coração.

 

 

Legenda 21 - Carolina Schlegel uma mulher feminista do Romantismo alemão.

 A morte não poupou a sua juventude nem a sua beleza. Morreu aos 46  anos e deixou viúvo Schelling que era mais novo 12 anos do que a esposa.

 

 

 

 A sua vida não é de aventureira, pois o seu pai era um célebre orientalista e pertencia a uma classe respeitável, mas uma tal existência mais parece um romance do que realidade, tais os lances em que se envolveu, chegando a ser presa por militares prussianos e correr riscos sérios no período da Revolução. Só a intervenção de seu irmão, Filipe, junto do rei Frederico Guilherme II conseguiu que o rei lhe desse a liberdade.

 

 

 

Legenda  22 - Frederico Guilherme II da Prússia que teve escrúpulos em ter prendido pessoas inocentes como Carolina.

 

 Com dramas de múltipla ordem, as relações com os maiores artistas, intelectuais e amigos que mostram como algumas mulheres conseguiam tornar-se notáveis. Este casamento com o filósofo Schelling também o tornou menos querido de Hegel? A alegria por ver a prosperidade de um grande amigo é uma qualidade de pessoas raras, tanto mais que o contraste entre a celebridade de um e o anonimato de outro eram visíveis.

 

 

 

Legenda 23 -  As alegorias à deusa Razão traziam ocultas no seu cortejo o poder do povo, domesticado pelo uso do que se pode chamar "A Vontade popular" i.e. vontade geral.

(O contrato social”, foi a Bíblia da revolução, além do perigo do homem de um só livro, há o risco do livro único de milhões de pessoas. Por isso Na Prússia, Hegel lê de um modo, enquanto na Rússia Lenine lia diferente e Hitler muito convenientemente colocou-lhe  o selo da ditadura . )

 

 

Depois de partir de Frankfurt e de abandonar a tarefa de tutor que tanto o constrangia, confiante na herança que recebera do pai, esta era demasiado exígua para lhe dar tranquilidade por muito tempo Hegel não atravessava uma fase estável pelo contrário, esta é a época de maior turbulência da sua vida e obra. Já não dependia de alunos e dedicava-se a investigar. Mas a herança modesta pouco dava para tempo que tão depressa se passa. Por sua vez chegou a Iena, segundo os estudiosos das alterações das mentalidades, numa época em que os anos dourados já tinham enegrecido.

Uma mulher era então famosa pela sua personalidade rara que muitos admiravam. Ainda muito jovem, a rebelde e corajosa Carolina, ficara viúva com uma filha e notável, pelo seu espírito e coragem, ideias jacobinas revolucionárias e feministas. Não se pode ocultar que tinha uma vida livre e as suas relações intelectuais, políticas e afetivas tornavam-na num centro de atenções e interesses pelas relações afetivas e amizades entre as quais se encontrava Goethe, que muito a admirava. Novalis, Schiller, Humboldt, Fichte e muitos outros poetas e filósofos e, até a estes admiradores se vêm juntar Schelling e Hegel, que frequentaram o seu meio intelectual. O casamento após o divórcio de Schlegel trouxe um grande mal-estar no meio intelectual da época.  De algum modo aquela espécie de cenáculo quebrava a sua unidade. Os ilustres irmãos Schlegel também eram amigos de Schelling.

 

Legenda 24 - Carolina e sua filha Augusta Böhmer, representadas num friso da época.

 

 

A situação de Hegel não atravessava um bom momento e, apenas a amizade, podia ainda prender, por laços de juventude, os dois amigos. O carácter de Hegel foi sempre muito complexo e com um egoísmo que se aliava a uma busca de notoriedade que o fazia esquecer certos deveres graves, Isso denuncia um certo rancor e cinismo cáustico que, diante deste par tão famoso e original, pode ter despertado sentimentos nada louváveis que se manifestaram numa desmedida rivalidade filosófica.

 

 

 

Legenda 25 -  Caroline Schlegel, que antes fora Carolina Böhmer.

( Após morte do marido casou com o irmão do autor da obra “Lucinda”  que defendia o amor livre. Depois do seu divórcio, em 1803, casou com Schelling, Morreu ainda nova aos 46 anos. )

 

 

 

A beleza e a escrita desta corajosa feminista que morreu cedo, permanecem na maior parte em cartas e mostram que esteve no centro do romantismo alemão. Teve um papel invulgar no círculo cultural de Weimar, quer pelo fascínio da sua personalidade, quer pela sua escrita. Um obelisco existente em sua memória recorda-a assim: " Descansa em paz, alma piedosa. Diante de Deus o amor e a lealdade mostraram-se em ti mais fortes do que a morte.”

 

 

 

 

 

Legenda 26 - A grande cidade de Iena que tanta história encerra

 

 

 

 

 

 

 

 

Tempestade e tragédia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para a vida do homem no seu quotidiano, cada ano é mais uma roda que gira e mais uma série de acontecimentos que se repetem. Apesar das mudanças e de aparecerem novos personagens, novos tiranos, mais mortos e nascimentos e, o palco pouco se altera no pó do tempo. As máscaras são outras e ironicamente as mesmas. Apenas e, ironicamente, é muito, esse apenas” que é mesmo quase tudo  o que não podiam sequer imaginar possuir, nesses inícios do século XIX.

 Milhões de seres só vagamente aspiravam a uma vida melhor, com menos fome e impostos tão ruinosos, já que só se impunha pensar na sobrevivência do dia seguinte. A indignidade da desigualdade e desumanidade de um sistema social tão longo tornara-se natural e se impunha com férrea lei por todas as eras da noite dos tempos.

 

 

 

Legenda 27 -  As condições miseráveis da maioria da população eram um aspeto natural da sociedade.

 

 

 

Durante séculos, Tubinga foi uma cidade de grande cultura e, curiosamente, Joseph Ratzinger, futuro Papa Bento XVI, foi professor nessa famosa universidade. Nos fins do século XVIII, o Seminário teológico luterano pela sua fama, foi o local onde Schelling, Hegel e Hölderlin viveram uma etapa da sua juventude onde se sentiam ligados pelo despertar de novas ideias que os tornaram rebeldes, críticos da política e da religião. A cultura da infância e adolescência verdadeiramente invulgares permitiram que trocassem conhecimentos a um nível que lhes permitiu seguirem caminhos que os tornou cada qual a seu modo, uma referência do movimento romântico e do idealismo filosófico, não só alemão mas a escala universal.

Na Europa, e depois pelo globo inteiro, reflete-se e sucedem-se transformações tão graves e complexas que jamais a história foi mais célere e o seu ritmo cada vez mais veloz. Cada dia tornava-se num cadinho de mudanças que abalavam muito menos a superfície do que os alicerces da sociedade. O regicídio anuncia a morte de um deus que ainda pairava acima das cabeças de todos.

Com a desaparição do conceito: «Le mort saisit le vif» que até Bourdieu[i] desenvolveu no tema nos seus conceitos. Os grandes e carcomidos portões da velha mentalidade fecharam-se estrondosamente e, ainda os seus ecos se escutam. A figura do rei na terra apenas representava judicialmente o poder divino. O interregno seria um tempo sem deus. Os juristas medievais encontraram na forma menos chocante de dizer. “O rei morreu! Viva o Rei!”, a continuidade do poder sagrado.

 

 

Legenda 28 - A fraternidade, igualdade e liberdade sem a transcendência alteram-se conforme a doxa de uma ideologia sem necessidade de justificar nada

Alegoria à deusa razão.

 

 

Um regicídio, como o que condenou em tribunal o rei Luís XVI, não condena apenas um homem à morte, mas baixa a lei do céu à terra e transforma e revoluciona mesmo toda a mentalidade.  Sem a sua base transcendente, sem a separação do direito da cidade e do direito natural, a lei perde a sua universalidade divina e é agora um resíduo de uma certa noção da natureza humana numa nova narrativa. As portas de um novo mundo que se abrem atemorizaram porque ninguém satisfizera o preço da sua liberdade e, até então, aprendera que tudo tinha um preço a pagar neste e no outro mundo.

No ano de 1807 acontecimentos de extrema gravidade dispersam inevitavelmente e para sempre estes amigos e companheiros por razões que tocam mesmo a loucura e a tragédia.

 

 

 

Legenda 29 -  O homem do passado passa por uma fase de destruição que abala a lógica e cria novos paradigmas da natureza humana num relativismo que não consente unidade.

 

 

 

 

 Se Napoleão já entra em Iena, o patriotismo não é o forte dos seus habitantes e muito menos para Hegel a chegada das tropas só o fascinam. “Ver a alma do mundo a cavalo”, atravessar a cidade na figura do imperador dos franceses representava uma nova etapa do mundo novo, e exalta os seus sentimentos com um entusiasmo e coragem, que lhe faltara até então, para expor as suas ideias. Escrevera por essa altura a sua obra-prima “A fenomenologia do Espírito” e reserva-se para o final escrever o célebre Prefácio que o seu mais cuidadoso e dedicado tradutor. Jean Hippolyte[ii] anotou com cuidado extremo.

 Durante o tempo de Tubinga e do companheirismo dos três colegas já o idealismo de Schelling se repercutira em Hegel. Apesar de mais ser 3 anos mais novo do que os outros dois estudantes, Schelling trazia já um saber profundo, de Platão, a Espinosa e outros autores que ajudaram na formação de Hegel. O período de Tubinga foi o de uma unidade de grande riqueza intelectual e amizade que não resistiu à separação. Anos antes, as três famílias, escolheram a via eclesiástica para os seus filhos. Os gravíssimos acontecimentos que revolucionavam a Europa repercutiram-se no espírito dos jovens e nenhum quis seguir a vida religiosa.

 

 

 

Legenda 30 - A sorte, o Destino ou a Moira num quadro otimista esconde obscuros acontecimentos que os próprios  protagonistas gostariam de apagar.

 A vida religiosa seria uma certeza para os país que os filhos não aceitaram.

 

 

 

O ano de 1807 é para Hegel o ano de todas as mudanças. Ao chegar também, a Iena, depois de anos em que foi tutor em casas de famílias abastadas, sem fama nem grandes possibilidades de obter um lugar na Universidade, como o seu amigo, a sua vida para além de um vago lugar de professor arriscava-se a cair no anonimato. Consegue ajuda para publicar a sua obra-prima “A fenomenologia do Espírito”, ao mesmo tempo que se envolve com a dona da sua estalagem em Iena de quem tem um filho, Ludwig, que nunca reconheceu e, pouco tempo, depois desaparece da cidade.

 

 

 

 

Legenda 31 - A porta do velho Liceu foi a entrada de Hegel numa vida nova. Nuremberga nada tem a ver com o Hegel de Iena.

 

 

A sua ascensão inicia-se em Nuremberga onde aparece como um homem novo, sem ligação com o passado para além da obra-prima “A fenomenologia do Espírito”. Um lugar de Diretor de uma espécie de Liceu assegura-lhe grande respeitabilidade e aí a sua carreira começa a ganhar fama. Entretanto, toma rumos novos e realiza um casamento com uma jovem burguesa, Helena, que descendia das mais elevadas famílias da cidade.

 

 

 

 

Legenda 32 -  O êxito sorri a Hegel e este atinge as suas maiores ambições até chegar a Berlim

 Portal de Nuremberga

 

 

 

A ironia e o sarcasmo com que ataca o seu antigo amigo, que até então não hostilizara tão abertamente, são duplamente censuráveis. Ambos chegaram mesmo a colaborar numa Revista crítica da qual quase resultaram sérios problemas políticos para Hegel, que se afastou a tempo. Mas a rutura dá-se no ataque frontal à conceção do Absoluto de Schelling que chega a comparar com um “vazio escuro”  onde toda a realidade desaparece, ou ainda a uma "noite escura em que todas as vacas são pretas.” 

 

 

 

 

 

Legenda 33 -  A crítica a Schelling demonstra que foi ponderando toda a obra do amigo,da qual retirou grande influência que deseja sarcasticamente apagar.

Mas sem as raízes da “Filosofia da Natureza” e a noção de vitalismo o sistema hegeliano não se construía.

 

 

 

Não se trata apenas de denegrir a obra do amigo mas o trabalho oculta muito mais do que isso e, por certo que Schelling foi quem melhor se deu conta disso. 

 

 

 

Legenda 34 - Dos 23 anos até aos 28 Schelling teve o seu "estado de graça" e depois as suas forças atraiçoaram-no.

 ( Iena representa o seu apogeu e a sua queda. O filósofo não estava preparado para um mundo onde não houvesse apenas a Harmonia, a Beleza e o Ideal reinasse entre os homens. )

 

Ao tratar o Absoluto de Schelling como um vazio, não se trata só de o derrubar mas, de tal modo o consegue que, com os destroços, pelo desenvolvimento dessa noção do Absoluto cruelmente desdenhada, se serve para passar à forma que se desenvolve como realidade efetiva.

 Ao afirmar que “a verdade é o todo” logo passa ao desenvolvimento do seu sistema, desdenhando da noção anterior. Todavia é essa noção de absoluto que está na base da filosofia transcendental de Schelling, esse “abismo em que Deus se insere, que se torna no desenvolvimento do Absoluto hegeliano[iii].
   
 Não foi de boa fé procurar o idealismo transcendental de Schelling que contem a mais original expressão do idealismo da sua época. Também se empenhou em desenvolver a conotação com a filosofia da natureza e a da identidade do eu, da qual Schelling retirava o não eu.
A noção fundamental da lei do desenvolvimento do absoluto é sempre idêntica  a si mesma e para Hegel isso também assim se efetiva. Há a mesma essência nas suas diferentes manifestações desde as formas primitivas que já contêm o absoluto, o lado externo e interno para Hegel, em grande parte trata-se  do espírito subjetivo e objetivo  que também não é mais do que uma forma de análise da evolução. O verdadeiro absoluto, escreveu Schelling, tem uma identidade e o “seu desenvolvimento é o ideal no real

É a partir destes conceitos que constrói o seu sistema sem possibilidades de defesa do amigo tão causticamente tratado. As suas ideias e as suas investigações, que nunca ocultara a Hegel e todo o seu esforço especulativo, estavam ali desfeitos em pedaços e que o colocam a ridículo, exposto a ser alvo das piores críticas, de admiradores e de discípulos que certamente nunca mais teriam o mesmo respeito e entusiasmo por si.

Tratando-se de uma amizade de anos, imagine-se a terrível desilusão com que Schelling abre o livro e começa a folhear, cada vez mais perturbado e dececionado, face ao trabalho que o amesquinha e escarnece pelo tratamento cruel e inesperado com que se depara!

 

 

 

 

 

 

Legenda 35 -  A filosofia de Schelling no seu todo, com a crítica à sua noção de Absoluto, foi revista e com esses destroços Hegel criou um plano teórico do qual Schelling teve de se render a não o  rebater.

 ( O sistema que derruba o pensamento de Schelling derrota a sua força e o filósofo deu-se amargamente conta disso. )

 

 

 

Os autores que estudaram a vida  de Schelling concordam que não suportou tão duro golpe. Perdeu a capacidade de escrever, a frescura e “o seu pensamento desorientou-se” teve mesmo que se afastar de Iena e jamais recuperou de tamanho golpe.  A inquietação do seu espírito foi sempre um dos seus problemas e passou por diversas fases. Apesar disso podemos encontrar um fio condutor na ideia da liberdade humana, que estaria latente na natureza, e numa tendência religiosa que se vai tornando panteísta.

É o ano em que Holderlin perde para sempre a razão, numa loucura que nunca se diagnosticou claramente, dá-se a entrada de Napoleão em Iena, Hegel rompe totalmente com Schelling, que não consegue superar um golpe tão profundo e provavelmente por isso se afasta da cidade onde conheceu tão grande e breve êxito.

 

 

 

Figura 7  - O belo Rio Neckar Não se pode lavar as mãos duas vezes nas águas do mesmo rio.

Quantas vezes o poeta enlouquecido não tentou encontar a serenidade aqui?

 

 

 

O êxito sorri cada vez mais a Hegel, Schelling cai numa atonia, da qual nunca mais recupera completamente, e Hölderlin enlouquecido fica para sempre recluso numa pequena torre à beira do rio Neckar. 

 

 


NOTAS :

 

 

[i] P. Bourdieu, «Le mort saisit le vif», in Actes de la Recherche en Sciences Sociales,

n.s 32-33, 1980.

[ii] Hegel, G W..F. La Phénoménologie de l ´Esprrit,  traduit par Jean Hipollyte,  Aubier, Editions Montaigne, Paris Collection  Philosophie de l ´Esprit,  Lavelle

et Le Senne.Bamberg et Wurzburg, Chez Josph Anton Goetbhardt 1807

, [iii] Gonzales, Zéferino Historia de la Filosofia, Tomo IV, LA filosofia novíssima Siglo XIX,Ediciones Torre de Babel,  http://www.e-torredebabel.com/historia-

filosofia-gonzalez/schelling-h-filosofia-g.htm. 12.05.2014